A VOZ DO SILÊNCIO E DA SOLIDÃO IMENSA..


A pessoa que sou é única, limitada a um nascer e a um morrer, presente a si mesma e que só à sua face é verdadeira, é autêntica, decide em verdade a autenticidade de tudo quanto realizar. Assim a sua solidão, que persiste sempre talvez como pano de fundo em toda a comunicação, em toda a comunhão, não é 'isolamento'. Porque o isolamento implica um corte com os outros; a solidão implica apenas que toda a voz que a exprima não é puramente uma voz da rua, mas uma voz que ressoa no silêncio final, uma voz que fala do mais fundo de si, que está certa entre os homens como em face do homem só. O isolamento corta com os homens: a solidão não corta com o homem. A voz da solidão difere da voz fácil da fraternidade fácil em ser mais profunda e em estar prevenida.

Vergílio Ferreira

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A Distinção Tem um Código...

Zeca Afonso-Traz Outro Amigo Também

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

[c]rato diz que só 5000 perderam emprego...

John Cale - Fear Is A Man´s Best Friend (Rockpalast 1983 & 1984)..


Exclusivo Carraça ..Afinal a recessão vai inverter-se em 2012 ficando desse modo assim...OÃSSECER..



Última hora...O subsecretario de estado do sub sub subsecretario de estado das finanças desastrosas AFIRMOU AO JORNAL NOTÍCIAS DA BOSTA QUE A RECESSÃO EM 2013 DARÁ LUGAR A OÃSSECER. "Vamos inverter o ciclo recessivo invertendo a palavra recessão..ah ah ah ah " afirmou mais tarde ao entrar para a viatura que o levaria à Mitra. A CARRAÇA consegui com esforço obter uma foto antes da entrada no carro...

 O sub sub secretario das finanças desastrosas ao entrar para o carro...

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Fortes com os fracos...isso lembra-me qualquer coisa...

Consertação sucial

É pau, e rei de paus, não marmeleiro, 
Bem que duas gamboas lhe lobrigo; 
Dá leite, sem ser árvore de figo, 
Da glande o fruto tem, sem ser sobreiro: 
Verga, e não quebra, como o zambujeiro; 
Oco, qual sabugueiro, tem o embigo; 
Brando às vezes, qual vime, está consigo; 
Outras vezes mais rijo que um pinheiro: 
À roda da raiz produz carqueja: 
Todo o resto do tronco é calvo e nu; 
Nem cedro, nem pau-santo mais negreja! 
Para carvalho ser falta-lhe um u; 
Adivinhem agora que pau seja, 
E quem adivinhar meta-o no cu.

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

A formiga no carreiro...



A formiga no carreiro...

A propósito...Um poema do Fernandinho


POEMA EM LINHA RECTA

Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.


E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cómico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.


Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...


Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,


Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?


Então sou só eu que é vil e erróneo nesta terra?


Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.