A VOZ DO SILÊNCIO E DA SOLIDÃO IMENSA..


A pessoa que sou é única, limitada a um nascer e a um morrer, presente a si mesma e que só à sua face é verdadeira, é autêntica, decide em verdade a autenticidade de tudo quanto realizar. Assim a sua solidão, que persiste sempre talvez como pano de fundo em toda a comunicação, em toda a comunhão, não é 'isolamento'. Porque o isolamento implica um corte com os outros; a solidão implica apenas que toda a voz que a exprima não é puramente uma voz da rua, mas uma voz que ressoa no silêncio final, uma voz que fala do mais fundo de si, que está certa entre os homens como em face do homem só. O isolamento corta com os homens: a solidão não corta com o homem. A voz da solidão difere da voz fácil da fraternidade fácil em ser mais profunda e em estar prevenida.

Vergílio Ferreira

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A Distinção Tem um Código...

Zeca Afonso-Traz Outro Amigo Também

domingo, 29 de janeiro de 2012

MOMENTO DE POESIA DA CARRAÇA...A INSPIRAÇÃO DA MÃO DO ESBIRRO DA TROIKA QUE ASSINOU O PAPEL.......MÚSICA DE ..John Cale - Fear Is A Man´s Best Friend...



 A TEIA  DE SARKOZY...
Quando o esbirro se aborrece, torna-se perigoso.
O céu constrói-se, em chamas.
Sinais de pancadas ouvem-se de cela em cela.
E do solo, coberto de neve, o espaço jorra.
Algumas pedras brilham como luas cheias.


Tomas Tranströmer 


A MÃO DE MERKL..
A mão que assinou o papel derrubou uma cidade;
Cinco dedos soberanos tributaram a respiração,
Duplicaram a esfera dos mortos e reduziram um país à metade;
Esses cinco reis levaram um rei à morte.
A poderosa mão chega a um ombro arqueado,
As juntas dos dedos foram imobilizadas pelo gesso;
Uma pena de ganso pôs um fim ao crime
Que deu fim à troca de palavras.
A mão que assinou o tratado fez brotar a febre,
E cresceu a fome, e vieram os gafanhotos;
Grande é a mão que mantém o seu domínio
Sobre o homem por ter ele escrito um nome.
Os cinco reis contam os mortos, mas não aplacam
A ferida cicatrizada nem acariciam a fronte;
Há mãos que regem a piedade como outras o céu;
As mãos não têm lágrimas para derramar.
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Poema: Dylan Thomas, The hand that signed the paper.

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